domingo, 6 de abril de 2008

Os Náufragos da Rua Constança

"Batiza esse neném! Batiza esse neném!"

Cantando essa música que, de início, não tem muita ligação com a peça, começa uma das poucas peças de teatro que eu já assisti em São Paulo. É tudo muito bonito no teatro, não tem como não querer virar atriz nessa hora. Logo no início, uma moça bonita dança livre e aquilo te passa uma grande paz.

Voltando à peça. A história central é um jantar de burgueses que, após um tempo, não conseguem sair da casa onde foram jantar. Segundo meu inteligente colega de jornalismo, aquilo é uma metáfora da classe da burguesia presa em sua própria estrutura. Ele me disse antes do teatro, fez sentido no "durante".

Aquelas pessoas estão tão presas às tradições que não se movem. A peça te faz questionar seu conservador interior, aquele que fica meio constrangido em assistir cenas de sexo ao lado de conhecidos. Pois tem cena de sexo (nem sempre o "tradicional", digamos assim!), sim. Tem regrinhas de etiqueta. Tem comportamentos do nosso dia-a-dia que ficam ridículos sob o foco das luzes.

No canto do palco, um intrigante "Freud". Mais a esquerda, os atores repetem bestilizados frases cantadas. "Fort da?" sugere meu colega. Talvez. Pra quem não teve o prazer de conviver com Mayra Rodrigues Gomes, Fort da é aquele procedimento (não sei se pode ser definido assim) em que o bebê joga o brinquedo repetidas vezes e chora até ter de volta. É uma repetição que faz ele aprender, uma coisa meio instintiva.

Enfim, sendo essa interpretação correta, ou não, vale a pena assistir a peça. Vale a experiência de viver o clima do Teatro Fábrica, a interpretação tocante dos atores e a história a ser desvendada.
Antes que eu me esqueça, a peça é baseada no filme "O Anjo Exterminador".

Informações: Bonatto Produções Artísticas. Telefones: (11) 9200-5297 ou (11) 3865-3574.

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