terça-feira, 28 de outubro de 2008

Quando eu te encontrei tinha água nos olhos, aperto no coração e não olhava direito pro sol - sabe, quando a luz bate na lágrima e arde? Tinha amarras no passado, nuvens nos olhos e milhões de preconceitos.

Mas ai você veio. Devagar.

Me pegou pela mão, me levou pra longe de tudo pra pensar. Ficou ali, sentada olhando, enquanto eu chorava as dores mal resolvidas. Segurou meu cabelo quando eu quis vomitar e, de repente, encheu meu coração de alegria de novo. Me mandou levantar. E, desta vez, não era por alguém.

Me reconstruiu e fez quem sou hoje. Nunca me iludiu, sempre soube que iria embora. Por vezes, quando achei que estava muito dependente tentei dizer "não" - como se fosse possível fugir -, mas agora você vai e eu penso em algo melhor que um "obrigada" pra deixar.
Não perguntou nada, tão pouco parou pra pensar. Tirou tudo de dentro da mochila, colocou nas mãos dele. Fechou os olhos e pulou.

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

- Me devolve meus olhos
- humm... não.... - disse de boca cheia, deliciando-se com o sabor crocante de um par de olhos azuis. Um molhinho, talvez?
- mas eu não enxergo mais nada
- e eu lá me importo? ah, se você soubesse como são gostosos esses olhinhos - passava a mão na barriga como um teletubbie recém alimentado

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Diálogo

- Ai, eu queria matar aquele filho da puta, não entendo nada do que ele fala - falou o menino de verde, com a boca cheia de um pão de queijo que valia lá os seus R$ 1,25
- Está uma lua boa para se cometer um crime - e ela dizia isso mexendo no celular. Saia preta, blusa preta, segurando sempre muita coisa...
- Será? - olhou pra cima, o pensamento no meio do cérebro, pensando pra que lado deveria ir. Racional ou emocional?

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Aqueles olhos azuis arregalados percorriam todos os rostos no caminho. Ele ia em direção às pessoas, todas, procurando alguma coisa. Seguiu pela ruazinha cercada de árvores, entrou no prédio acabado pelo tempo, sentou no sofá mais velho que viu.

Sabe, aqueles olhos eram realmente abertos, do tipo que sai ar ao lado dos globos oculares. Dava medo. E ele continuava encarando e cruzando olhares entre as coisas, sempre desviando no final.

Uma meta maior na chegada? Sei não, mas parece que a coisa toda acabou no fundo de uma lata de Itaipava meio suja, meio choca.