terça-feira, 24 de novembro de 2009

Minha dose diária de loucura é servida em uma xícara de chá chinesa. Quase um centenário de vida, diz o louco ao fundo. Provavelmente mais uma maravilha do mundo por R$ 1,99.

O líquido não é lá muito líquido. Há geleia verde e pó rosa misturados na solução heterogênea. Quem prepara é uma senhora sádica de 46 anos -abandonada pelo marido e pelo filho, que resolveu ter um relacionamento estável com um poste do estacionamento next door.

Ela logo vê quando eu chego cabisbaixa (muita realidade, muita realidade, não consigo) e abre um sorriso. Sim, ela tenta controlar -dê-se o crédito à senhora-, mas não consegue. Vê gente assim todo dia. Vive disso. Já foi um de nós.

A dose desce cortando, algo pior que pinga para se ter uma ideia. Bate no estômago com força e segue incansável ao resto do corpo. Existe um período -uns três minutos- em que realidade e ficção se misturam. Nada que seja muito agradável, mas dá pra conviver.

Saio da sessão como quem sai de um banho de ofurô. Meu olho fica até verde, nas condições de temperatura, luz e pressão preestabelecidas, claro.

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